quinta-feira, 11 de março de 2010

O INEXPLICÁVEL

No íntimo sempre esperamos explicação para tudo na vida. Mesmo quando as explicações são evasivas, ainda assim, preferimos viver iludido a ficar sem. Parece quase impossível vivermos sem respostas convincentes, aos “porquês” da vida; é como ser um usuário crônico de drogas, onde o corpo sente uma compulsão descontrolada para ser saciado, e não suporta a crise da abstinência.
Mesmo sendo os seres mais inteligentes da terra, às vezes nos comportamos como verdadeiros imbecis, porque não somos capazes de aceitar que o inexplicável também é uma resposta, e na maioria das vezes a melhor resposta. Sempre que criamos explicação para o inexplicável, estamos tentando matar a incógnita que agita em nós o medo do desconhecido, mas que na verdade age como um espinho para reconhecermos nossas limitações e vulnerabilidades. Talvez este fosse o grande desejo dos dois primeiros humanos: explicar o inexplicável, conhecer o que não é para ser conhecido, encontrar o que não é para ser encontrado. Entretanto, e sem melindre nenhum, podemos afirmar que foi o próprio Criador quem os expôs a isto; e se assim foi, relaxemos, porque até dentro do “Tudo o que Deus fez, foi muito bom” há espaço para o inexplicável também, caso contrário, tornamo-Lo mentiroso, o que é algo infinitamente inconcebível.
A nossa imbecilidade é tamanha, que achamos, e até exigimos, que o Criador deva nos dá explicação para tudo. Agimos como uma criança malcriada; espezinhamos, gritamos e até nos revoltamos, quando ficamos sem respostas. Em contra partida, e isto é o que eu chamo de “hereditariedade divina”, rejeitamos o inexplicável porque em nós reside a natureza Daquele que dá sentido de ser e existir para tudo. Aceitar o inexplicável como algo que só pode ser explicado pelo Ser Inexplicável, é um ato de confiança plena neste Ser que nos gerou conforme a sua imagem e semelhança.
Mas, se aprofundarmos um pouco mais o discurso, concluiremos que nossa ânsia em desvendar o inexplicável, extrapola o âmbito do assemelhar-se com o Onisciente; advêm muito mais do desejo e motivação original, brotados na mente humana pelo tentador, de sermos não apenas semelhantes, mas iguais ao Criador. Estar em pé de igualdade com Deus, explica a existência do inconformismo humano em aceitar o inescrutável, o ininteligível, o ignoto.
Convenhamos; se tudo nos fosse desvendado por antecipação, a vida na terra seria tediosa e sem graça. Um simples filme de suspense nos agita e produz em nós um gostinho de quero mais, não porque se descobriu o segredo, mas pela sensação e prazer de perseguir o desconhecido e desvendar o que não nos foi explicado antes. E é aí que o fim das coisas é melhor que o começo delas, como diz Salomão, porque normalmente não se chega ao fim sem antes experimentarmos a tensão da incerteza e do inexplicável, que torna a descoberta final uma vitória espetacular.
Demorou; mas aprendi que, felizes são aqueles que resolveram fazer do inexplicável e do desconhecido um hino de adoração Àquele que acima de tudo não é explicável e nem deve explicação: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado? Porque Dele e por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Ro.11:33-36).

Um comentário:

  1. Leia o Filho do Fogo I e II e Guerreiros da Luz I e II de Daniel e Isabela Mastral

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