sexta-feira, 18 de setembro de 2009

DESGASTADO

É assim que me sinto! Consumido pelo atrito entre o “ser” e o “ter”. Sinto-me como uma pastilha desgastada, que está na eminência de danificar o disco de freio do carro que me carrega. Preciso parar de ser desgastado pela própria vida e pela ação de um sistema dominante que escraviza o meu “ser”, caso contrário, me tornarei instrumento de desgaste na vida dos outros.
Já não tenho estômago para suportar o gosto amargo da incoerência que permeia o mundo ao meu redor; que machuca minha consciência e agride minhas convicções. Vivo a agonia do “deixar tudo” para “ser tudo o que devo ser”; de reencontrar o que sempre busquei e que no decorrer do tempo fui perdendo.
Sinto-me incomodado e tenso diante do que deve ser feito, do caminho a ser seguido e da decisão a ser tomada. Sou engodado pela circunstância e pela comodidade, e isso depõe contra mim mesmo. Angustio-me diante da minha vulnerabilidade e incapacidade de seguir a estrada que produz em mim leveza e liberdade.
Percorro com os olhos à procura de cantos obscuros, com o fim de evitar o confronto comigo mesmo e com esta vida que me seduziu e me cercou de forma traiçoeira. Acabei me deixando levar por uma estrada de uma única via, e que só tem um ponto final: A insatisfação. Estou no final desta estrada; preciso retornar.
Minha ânsia é pela liberdade de viver a própria liberdade. Quero abandonar o que me aprisiona, quero afastar-me do que me anula e me sufoca. Enclausuro-me dentro de mim mesmo, e isso trava minha essência de ser, agrava a dor da minha alma e sufoca minha existência. Cada minuto que passa, luto para não perder a luminosidade de quem já foi iluminado e marcado pela Verdade.
Miserável homem que sou! Quem me livrará deste cativeiro? O que me sustenta é a certeza de que a Providência já providenciou minha libertação de tudo isso. Perdi o apetite, mas não perdi a esperança. Para Aquele que controla tudo, o desfecho de minha história está em suas mãos. O que vai ser não sei. Só sei de uma única coisa, preciso voltar a ser o que sempre fui antes de me encontrar nesse buraco negro.
O meu alento é a certeza de que não estou só, Ele está comigo. Só a presença dele é suficiente para me fazer caminhar no caminho de volta para o propósito que Ele tem para mim. Sei que chegará o dia em que deixarei de está desgastado e estarei pleno e inteiro diante Dele. Meu descanso é continuar ouvindo Ele me dizer: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.