quarta-feira, 4 de março de 2015

Inversão de valores


 
Parece que na atual conjuntura, com um mundo cheio de grandes descobertas, onde as coisas mudam antes mesmo de amadurecerem, a questão da inversão de valores já não gera grande impacto ou mesmo nenhuma inquietação na sociedade em geral. O interessante é que esta questão já vem de longas datas, pois as declarações do apóstolo Paulo a este respeito mostram a semelhança do mundo antigo com o atual. Na carta aos Romanos ele afirma: “... os pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato obscureceu-se, (...), trocaram a verdade de Deus pela mentira...” (Ro.1:21,25).
A inversão de valores generalizou-se a tal ponto, que a verdade foi diluída em “pseudoverdades” com base de sustentação no relativismo e na pluralização. Os valores supremos firmados nos princípios deixados pelo Autor da vida, e que faz com que a vida seja de fato prazerosa, foram sufocados pelo pensamento egoísta do individualismo e da liberdade desenfreada de direitos. Como cada um tem sua verdade, então os deveres se tornam relativos e os valores de convivência são cortados em pedaços, ou seja, o que é verdade para um, pode não ser verdade para outro, e vice-versa. Daí, eis um mundo sem referências e sem absolutos, indispensáveis para subsistência de uma comunidade sadia. E assim o mal vai se alastrando na sua pior forma de se manifestar, ou seja, na omissão deliberada da prática do bem. Santo Agostinho já dizia isto nas Confissões: “... o mal é apenas a privação do bem, privação cujo último termo é o nada”. O apóstolo Tiago diz em sua carta: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tg.4:17). Na parábola do bom Samaritano o erro do sacerdote e do levita não foi pelo que eles fizeram, mas pelo que deixaram de fazer.
Trazendo para o mundo das instituições religiosas, a situação é mais escabrosa, pelo simples fato de haver homens que se intitulam porta-vozes de Deus, mas usam as próprias palavras de Cristo de forma invertida, para cauterizar as mentes dos incautos, com o fim único de angariar prosélitos.
Por outro lado, ter plena ciência disso tudo não muda em nada nossa vida e nem o meio em que vivemos. Antes de tudo, faz-se necessário sairmos da posição de meros expectadores e nos tornamos agentes de transformação. Isso se dá quando nos dispusermos a abraçar a verdade e os valores de Cristo, e renunciarmos tudo aquilo que impede vivermos conforme o modo como Ele viveu na terra.
Sendo assim, para não incorrermos no erro de inverter os valores, vivamos conforme a orientação de Cristo, que nos alertou a colocar as coisas do Reino de Deus na posição certa, ou seja, em primeiro lugar em nossa vida.