domingo, 9 de fevereiro de 2014

Certo ou errado? Eis a questão.

Será que isto ainda tem alguma importância hoje? Será que ainda há algum espaço no pano de fundo do cenário mundial, cuja questão ainda pode ser levada a sério? Até porque, convenhamos, na atual conjuntura esta coisa de certo e errado já está mais do que fedido e ultrapassado. Será que ainda há alguma dúvida de que os princípios nobres foram engolidos pelo relativismo da vida secular? Mesmo para os alienados, o discurso está sacramentado: Ninguém é dono da verdade. Não é mesmo? Para os liberais, todos somos pecadores, daí ninguém deve fazer qualquer tipo de julgamento, e ponto final. Para os conservadores, certo é tudo que cabe na caixa da religião que se abraça; daí cada um dará conta dos seus atos a Deus. Também ponto final. Hum... Essa ladainha é velha e já sei aonde vai dá, é o que muitos dizem. Calma! Fica frio. Todo mundo é livre para engolir, dizer e fazer o que quer. Então, relaxa! Vamos seguir em frente.

Comecemos pelo sentido da palavra. Certo é tudo que está em conformidade com a Lei, ou seja, de acordo com os princípios do direito legal. É só assim que algo se torna legítimo e permitido pela sociedade em geral. Poxa..., na linguagem jurídica fica lindo, mas e na vida real como fica? Trazendo para o contexto das Escrituras, o certo e o errado são definidos pelo conhecimento do bem e do mal, e estes por sua vez pelo que está escrito na Lei. Na verdade este conhecimento é o grande causador do dilema entre o certo e o errado. Tudo bem; concordo que o povo perece por falta de conhecimento. Mais também não devemos ignorar que o pecado se consumou pelo conhecimento, já que os primeiros humanos desejaram saber o que não era para saber. Foi Deus mesmo quem determinou que eles não comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal. Ah! Então encontramos a justificativa para não nos preocuparmos com esta questão. O problema então é de Deus que fez o conhecimento. Logo, de agora em diante vale tudo e pode tudo; curto e grosso. E assim, eis o mundo com suas mazelas.

Pare! Isto é loucura. Jamais devemos colocar a culpa em Deus. Não devemos esquecer de que tudo que Deus faz é bom. Então, admitamos, o problema está em nós. Parece que a coisa já está começando a criar rumo certo. Será? A partir de agora surge outra justificativa: O problema é do outro, ou melhor, é do próximo. Pois é, sempre alguém tem que pagar o preço pelos nossos erros. Adão é o pai desta justificativa. Eu fiz o que não era certo e a culpa é da mulher que tu me deste, disse ele a Deus. Coitado do outro. Mas o outro também encontra outro motivo de justificativa dos seus erros. Agora é que a coisa complicou de uma vez. A culpa de praticarmos o que é errado não é nem de Deus e nem do outro; então de quem é? E imediatamente se pensa e se ouve ao mesmo tempo: Nem vem, minha é que não é!

Antes mesmo desta culpa esbarrar em mim, acho melhor a gente parar com esta babaquice de querer saber se algo que se faz é certo ou não. Porque no final das contas o que importa mesmo é cada um cuidar de sua própria vida. Até porque, como diz as escrituras, nossa liberdade não deve ser julgada pela consciência dos outros (l Co.10:29). O discurso poderia terminar aqui. Só que há uma voz que não quer calar, a voz da nossa consciência. Aquela voz que a gente pensa que saiu, mas continua dentro da gente. É a voz da gente falando pra gente mesmo. É aquela consciência descrita pelo apóstolo Paulo, se referindo aos gentios: “... Disto dão testemunho também a sua consciência e pensamentos, ora acusando-os, ora defendendo-os” (Ro.2:15). Penso que acima do mero conhecimento do que é certo ou errado, deve vir primeiro o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera (I Tm.1:5). Se é certo ou errado, isto nem sempre eu sei. Mas uma coisa eu sei: “O amor cobre uma multidão de pecados” (I Pe.4:8).