quinta-feira, 31 de março de 2016

Um diálogo entre o Facebook e o Computador

Computador: Sabe Facebook, eu sou o instrumento da tua existência.

Facebook: É verdade!

Computador: As pessoas só te usam se eu for ligado; basta me desligarem que tu “já era”.

Facebook: É verdade!

Computador: Tá vendo como tu és limitado?

Facebook: Estás esquecendo só de uma coisa, meu caro. Há milhares que te ligam só pensando em mim. Eu sou a rede de relacionamentos mais importante do mundo.  Achas que eu sou limitado? Não sou não! Quero lembrar-te que, tem quem dorme contigo, mas ligado a mim o tempo todo. HaHa Ha. Tá pensando o que? Tem muita gente, comendo e cagando, comigo junto. Não sou pouca coisa não, meu chapa! Olha eu aí! Há até quem não sabe mais viver sem mim, ou melhor, só vive por meio de mim. É pouco, ou quer mais?

Computador: Poxa! Nunca pensei que tinhas esse cacife todo. Então me diz a verdade. Onde está, ó Facebook, a tua vitória?

Facebook: A minha vitória? A minha vitória já foi consumada no coração e na mente desta geração. Só pra te ter uma ideia, é através de mim que o país mostra realmente a sua cara. Sabes por quê? A quantidade dos que transitam por mim, curtindo e comentando, é infinitamente maior do que aqueles que fazem passeatas. Tu sabes que é mais fácil mostrar a cara através de mim, do que expor a cara na rua. Sei que podes me chamar de atrevido, mas sem querer te menosprezar, posso te dizer uma verdade? Hoje, por meio de mim, tudo fica mais fácil para esta geração. Vou te mostrar por que:

·         Eu sou muito usado como um meio para as pessoas revelarem quem elas são de verdade.

·         Quem não tem coragem pra dizer no olho do outro o que pensa, diz através de mim.

·         Muitas vezes sou arena de combate entre a verdade e a mentira, a coragem e o medo, a sinceridade e a falsidade, a tolerância e o desrespeito.

·         Atualmente sou mais usado e lido do que qualquer livro do mundo. Através de mim, uma fala ou escrita alcança lugares inimagináveis.

·         Praticamente tornei o contato pessoal desnecessário, porque a comodidade e a praticidade me fortalecem. O bom é que, através de mim, a conversa não exige a presença. A companhia é relativa, o que importa mesmo é comentar. Quem comigo comenta, espalha!

·         Tenho até poderes pra revelar segredos, intimidades, amores, amarguras e vaidades.

·         Por incrível que pareça, mas quem não diz o que pensa por meio de mim, tá ferrado, porque é taxado de alienado.

·         Todo aquele que está em mim, perde o direito de ficar calado, porque quem cala consente. Uma vez estando em mim, todo silêncio representa ficar em cima do muro. Aí a briga é pra saber de que lado se estar.

·         Por meio de mim até a fé em Deus é mensurada. Se não curtiu é porque não crê.

·         Sou tão forte que faço até inimigos se relacionarem à distância.

·         Já ouvi dizer que sou a melhor invenção que foi criada pelos homens. Mais uma vez, hahaha. Estou competindo lado a lado com tudo o que foi criado. Já começo até me sentir um deus.

Enfim. Você não percebe o poder da minha influência? Tudo isso que te falei, alguém escreveu e colocou em mim. Isto é demais! Agora posso te dizer como me sinto, sem medo de errar. Nesta geração “Eu sou o cara”. E aí? Vai curtir, vai comentar ou ignorar?

 

 

 

sexta-feira, 4 de março de 2016

No escurinho do cinema

Assisti “O Regresso”. Filme que fez Leonardo DiCaprio ganhar a estatueta de melhor ator do Oscar 2016. Na verdade, não achei o filme grande coisa, comparado a outros de enredos semelhantes. A trama é de mais uma história de vingança pessoal, coisa que, justiça seja feita, os americanos sabem dramatizar muito bem. Palmas para eles!

 As imagens das mudanças climáticas, a força da natureza e a fúria animalesca sobre o corpo humano, leva o telespectador a admirar a capacidade que o homem tem, de suportar situações que beiram os limites de sobrevivência.
Para mim, o que torna o filme significativo e o livra do simplismo, é que o enredo é norteado por uma declaração ousada e ao mesmo tempo inquietante, quando transportada para a realidade da vida. A expressão “O vento não derruba a árvore que tem raízes fortes” induz os mais perspicazes a uma análise mais apurada sobre a subsistência humana, em meio às adversidades e intempéries que os envolve. Se o vento é indomável, a árvore é vulnerável e a raiz pra ser forte depende do que a terra lhe oferece, então há algo além do previsível e do visível, que de fato possibilite ao homem superar seus limites de sobrevivência pra se manter em pé. O autor do filme tenta mostrar isto ao telespectador recorrendo ao velho recurso das cenas de cunho sobrenatural. A presença do espírito amigo acompanhando o amado que ficou. No final, a gente regressa pra casa com a sensação de que jamais teremos raízes fortes para suportar o insuportável.  

Talvez não exista exemplo mais notável de resistência, frente às vicissitudes pelas quais o ser humano pode passar, do que a história de Jó. Conhecendo o que se passou com este homem, fica claro que ele era como árvore de raízes fortes. Todavia, com a declaração “Eu sei que o meu Redentor vive”, Jó deixa claro que a força de suas raízes não vinha de baixo, mas de cima. Fazendo um paralelo da história do personagem representado por DiCaprio, com o  sofrido e perseverante Jó, mais uma vez concluir que, o homem uma vez caído, só consegue levantar-se se suas raízes estiverem fincadas no chão da existência de Deus.
Saí do cinema lembrando-me de uma declaração popular, que não está contida literalmente na Bíblia, mas expressa a realidade da trajetória humana na terra: O cair é do homem e o levantar é de Deus!