terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Natal!

Alegria por fora, por dentro silêncio! Neste dia o mundo fica inundado de esperança. As boas-festas são aquecidas de reverência. Nas casas, as mesas ficam repletas de delícias recheadas com sabor de Vida. As batidas dos corações se alinham ao compasso da história; então se ouve o ecoar do real significado do Natal: Deus se fez gente e habitou entre nós!

Nasceu aquele cuja existência antecede a fecundação. A festa é do Eu sou, porque antes mesmo de nascer já era. Natal é comemorar a Vida dentro da vida; é crê que o Eterno mergulhou no tempo e o Invisível se deixou abraçar pelo visível. Só comemora verdadeiramente o Natal aquele que admite que, o Maior se fez menor, o Mestre se fez servo e o Grande se humilhou.

Natal é muito mais do que comemoração, é verdadeira celebração. É muito mais do que reunião, é comunhão que faz a gente vê o outro como irmão. É muito mais do que emoção, é aprender a repartir o pão e a doar-se de coração.

Natal! É carregar no colo e no coração o Menino que um dia nos nasceu; e como um Filho que se nos deu, fez-se nossa grande salvação. Seu nome é: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade e Príncipe da paz.

Feliz Natal!!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Algo ficou pelo caminho

Assistindo o filme “Antes de partir”, me chamou atenção a expressão “Algo ficou pelo caminho” declarada por Carter, personagem interpretado por Morgan Freeman. Ele falava sobre seu relacionamento conjugal para seu companheiro de quarto Edward, interpretado por Jack Nicholson.

De repente me veio à mente que nem tudo que experimentamos em nossa vida deve ficar guardado nas gavetas do passado. Não viver aprisionado pelas lembranças do passado não significa deixarmos pra trás tudo aquilo que contribuiu para vivermos melhor o presente. Há coisas de ontem que, ainda sendo boas, não servem mais para hoje; por outro lado, há aquelas que devem ser preservadas e que no decorrer do tempo devemos sempre trazer conosco. Vale lembrar que os conceitos e princípios de reais valores não mudam no decorrer do tempo, o máximo que pode acontecer é serem aperfeiçoados. A questão é muito mais de serem praticados ou não.

Melhor ambiente pra se entender isto é na família, onde nossa formação se processa por meio da prática de valores que se perpetuam de geração em geração. Conforme o enredo do filme fica claro que Carter ao declarar esta expressão estava se referindo às práticas conjugais salutares vividas com sua esposa e que foram ficando pelo meio do caminho. Sem dúvida, na estrada da vida cada momento é único. Comungo com o pensamento de que ninguém consegue beber de uma fonte a mesma água duas vezes. É impossível experimentarmos literalmente, com os mesmos detalhes e a mesma intensidade, os momentos maravilhosos outrora vividos; mas é possível continuarmos sentindo o mesmo gosto destes momentos, principalmente quando eles se tornam práticas constantes em nossa vida. Neste caso, já não se sabe distinguir o que é passado e o que é presente, porque fazemos destes instantes um modo natural de vivermos.

O sábio Salomão afirmou que a vida é uma repetição de fatos (Ecl.1:9); sendo assim só nos resta duas opções: vivenciá-los ou ignorá-los. Não devemos nos enganar, a vida é composta de momentos. Ou a gente passa por eles ou eles passam pela gente. No nosso caminhar, quando em algum instante deixamos algo de bom pelo caminho é porque nos esquecemos de alimentar este algo que um dia também nos alimentou. Sábio é aquele que não desperdiça cada momento que a vida lhe oferece.

Vivamos o presente, sem no entanto, deixar pra trás os verdadeiros valores que tornam a vida mais prazerosa de se viver.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dito e Dizer: Aquele que me vê.

Dito e Dizer: Aquele que me vê.

Também penso assim. A dor é de quem sente a agústia do seu próprio sofrimento. Acho que é algo intransferível, pois quando sofro por vê o sofrimento do outro, acabo sofrendo a dor na intensidade que é só minha. Lembro a história de Jó e seus amigos quando estes foram mostrar solidariedade e consôlo ao ficaram sete dias e sete noites ao lado de Jó, sem dizer uma só palavra (Jó 2:11-13). Muitas vezes o silêncio ao lado de quem está sofrendo é o melhor consôlo.
Gostei muito desta postagem, pois encontrei sabedoria diante de um mundo tão barulhento. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Deslumbramento

Fiquei deslumbrado! Expressão ultrapassada nesta geração. Sugada pela força do desencanto, gerado pela multiplicidade das descobertas, tornou-se sinal de tolice e marca registrada daquele que é considerado bobo. Facilidade de entusiasmar-se, sentir-se fascinado e maravilhado, são coisas de outros tempos. Já não nos encantamos mais como antigamente!
Muito tempo já se passou quando a magia de uma nova descoberta transformava as crianças em bebês e os adultos em crianças. Quando as novidades entusiasmavam os velhos e estes voltavam a sonhar. Hoje, nada é mais novidade, tudo é apenas uma questão de usar a inteligência. O que foi descoberto hoje, no dia seguinte já foi ultrapassado por algo melhor. Não dá nem tempo de se comemorar e muito menos de si encantar.
O deslumbramento nem sempre é fruto da grandeza da descoberta ou do objeto admirado, mas principalmente do olhar de quem descobre e admira. Só fica encantado quem olha com o coração. Fascinação acontece quando os olhos emprestam a visão para a alma. Quando isto ocorre, é possível ficarmos deslumbrados com algo que já estava há muito tempo diante de nós. Daí a expressão: Há tanto tempo ao meu lado e eu não o percebia. Só quem já experimentou os efeitos de um verdadeiro deslumbramento entende quando uma criança fica excitada ao ver seu super herói; compreende porque nem a raça e nem a cor faz diferença nas relações pessoais; sabe por que a aparência física não sobrepuja sobre o amor; e acima de tudo aprende a admirar as coisas e as pessoas pelo valor que elas têm e não pelo valor que os outros dão a elas.
Dizem que quem estar deslumbrado vê o que o outro não consegue enxergar, porque vê além do óbvio. Talvez isto se explique pela própria etimologia da palavra, que é a soma do intensificativo DES mais LUMBRE, que por sua vez vem do latim LUMEN, correspondente à palavra LUZ. Sendo assim, estar deslumbrado é estar sob efeito da luz e da transparência.  
Penso que quem primeiro ficou deslumbrado foi Deus, pois quando terminou de criar todas as coisas, viu que tudo havia ficado muito bom. Houve também homens no passado que ficaram encantados com a grandeza da criação de Deus. Dentre eles está Davi, ao reconhecer que de uma maneira sobrenatural e maravilhosa foi formado. Outro, de tão deslumbrado com a pessoa de Jesus, declarou: “Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos!”.
Infelizmente hoje tem acontecido o contrário. Perdeu-se a capacidade de deslumbrar-se devido o desejo narcísico de se tornar alvo de admiração. Muitos estão aprisionados pela busca obsessiva de reconhecimento por parte dos outros, por isto não conseguem se fascinar com as coisas simples e significativas da vida. Entendo que para resgatar a sensibilidade dos corações é necessário que primeiro seja permitido trocar o coração de pedra pelo coração de carne; e isto só acontece quando a alma e o espírito choram por Deus.
  

segunda-feira, 26 de março de 2012

Deus conosco

Não é segredo pra ninguém que uma pessoa não pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo. No mundo da matéria e da razão é impossível alguém estar num só instante, dentro e fora de um mesmo ambiente. Devido a isto, transcender os limites da matéria e do espaço se tornou um dos maiores anseios da humanidade. É bom lembrar que esta impossibilidade se estende também ao mundo invisível, porque até mesmo os seres espirituais não conseguem ocupar dois espaços ao mesmo tempo.
Há somente um que tem esta prerrogativa, Deus! Isto porque, é algo inerente ao seu próprio ser. Ele é Deus que ocupa tudo ao mesmo tempo; é ilimitado dentro do tempo e fora de tempo. É o Deus que não é contido por nada, embora se faça presente tanto fora como dentro de tudo que existe. É diante deste enigma divino que reside o grande desejo da criatura em ser igual ao seu criador. Para o homem, ser igual ao criador não significava apenas se tornar conhecedor do bem e do mal, mas também destruir os limites da presença física, eternizando assim a onipresença humana. Pobre homem! Por causa de sua mente desvairada perdeu o que possuía de mais precioso: A sensibilidade da onipresença divina, tanto fora como dentro de si mesmo. Como diz o apóstolo Paulo: “Os homens vivem tateando à procura de Deus, mesmo Ele não estando longe de cada um” (At.17:27).
Até mesmo aqueles que o professam como Deus todo poderoso, não usufruem de sua presença real e permanente. O tratam apenas como uma força, ou uma luz, ou somente como uma fonte de recebimento de milagres e sucesso terreno. Não vivem a melhor parte, a comunhão com aquele que é Deus conosco, cuja presença é imprescindível para subsistência de todas as coisas (Cl.1:17). O grande rei Davi usufruiu muito bem da onipresença divina, por isto o inquiriu: “Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se subir aos céus, tu aí estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás” (Sl.139:7,8).
Infelizmente o que presenciamos nos nossos dias, são os templos cheios de pessoas em busca do Deus que foi colocado do lado de fora. Ainda hoje, Jesus continua batendo na porta com desejo de entrar. Sua voz continua soando: “Deixa-me entrar! Deixa-me entrar! Mas quero entrar primeiro em tua vida”. No entanto, outras vozes abafam seu clamor e as pessoas não conseguem ouvi-lo. Os filhos de Deus esqueceram que usufruir da intimidade do Pai, é fruto da vivencia pessoal da presença dele dentro de cada um. A insensibilidade à sua presença é tão grande que mesmo Ele estando dentro de nós, nós o procuramos do lado de fora. Santo Agostinho depois de falar com Deus escreveu: “Eis que estavas dentro de mim, e eu do lado de fora te procurava! Comigo estavas, mas eu não estava contigo...”.
Amados! Voltemos a vivenciar a essência da vida cristã, que é antes de qualquer coisa, a vida do Deus conosco em nossa vida. Vivamos cada dia debaixo da infinita graça de Cristo, que nos concedeu livre acesso ao Pai, ao se tornar o único mediador entre Deus e os homens. A Ele toda Glória!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Hombridade

Talvez a hombridade seja, dentre as nobrezas de caráter, a de maior escassez nos dias de hoje. Hombridade é algo intrínseco à própria dignidade de uma pessoa. É quando se assume o que se é e o que se faz sem pestanejar. Era o que no passado os homens sérios queriam dizer aos seus filhos ao afirmarem: “Ser homem de verdade”. Isto não tinha a ver com a sexualidade masculina, mas com a capacidade de exercer autonomia individual e tomar decisões responsáveis. É ter coragem de assumir responsabilidade por tudo que fizer ou deixar de fazer.

Conhecendo as histórias de alguns homens relacionados na Bíblia, facilmente se detecta a existência desta qualidade em suas vidas. Arrisco até dizer que esta virtude era vista nos discípulos mais próximos de Jesus. A sinceridade de Pedro ao pedir para Jesus se afastar estava pautada na hombridade de admitir quem realmente era; um pecador. Quando Cornélio se prostrou aos seus pés adorando-o ele o advertiu dizendo: “Levante-se, eu sou homem como você”. Tomé não hesitou em revelar sua incredulidade mesmo depois de caminhar por algum tempo com o Mestre. João deixou claro o sentimento de exclusividade que carregava em seu coração por fazer parte do grupo de discípulos de Jesus. Com o apóstolo Paulo esta qualidade era bastante evidenciada. Admitiu sua fraqueza humana ao revelar que o mal que não queria fazer acabava fazendo, além de repreender veementemente a multidão que queria tratá-lo como deus, dizendo-lhes que era homem sujeito às mesmas paixões.

Infelizmente a igreja de Jesus está carente de homens que tenham hombridade para admitirem o que realmente são e assumirem tudo o que fazem. Pelo contrário, omitem suas verdadeiras identidades, pensando de si mesmos além do que convém. Ignoram que é somente pela graça de Deus que se é o que é. O que se vê hoje é a arrogância de muitos que se declaram seguidores de Cristo considerando-se superiores aos outros, alimentando uma imagem distorcida de si mesmo, com o único propósito de alcançarem reconhecimento, admiração e glória pessoal.

Digno de admiração foi João Batista, que perdeu literalmente a cabeça por assumir o que fazia e admitir quem era e a até mesmo quem não era. E assim ele se revelou ser um homem de verdade. Agir com hombridade é estar disposto a manter-se fiel ao que si é e ao que se vive, ainda que isto nos leve à rejeição e ao anonimato diante dos homens. Exemplo maior de quem praticou esta virtude foi Jesus, por isto pôde ensinar que a transparência interior é que define verdadeiramente quem é uma pessoa.