Será
que isto ainda tem alguma importância hoje? Será que ainda há algum espaço no
pano de fundo do cenário mundial, cuja questão ainda pode ser levada a sério? Até
porque, convenhamos, na atual conjuntura esta coisa de certo e errado já está
mais do que fedido e ultrapassado. Será que ainda há alguma dúvida de que os princípios
nobres foram engolidos pelo relativismo da vida secular? Mesmo para os
alienados, o discurso está sacramentado: Ninguém é dono da verdade. Não é
mesmo? Para os liberais, todos somos pecadores, daí ninguém deve fazer qualquer
tipo de julgamento, e ponto final. Para os conservadores, certo é tudo que cabe
na caixa da religião que se abraça; daí cada um dará conta dos seus atos a Deus.
Também ponto final. Hum... Essa ladainha é velha e já sei aonde vai dá, é o que
muitos dizem. Calma! Fica frio. Todo mundo é livre para engolir, dizer e fazer
o que quer. Então, relaxa! Vamos seguir em frente.
Comecemos
pelo sentido da palavra. Certo é tudo que está em conformidade com a Lei, ou
seja, de acordo com os princípios do direito legal. É só assim que algo se torna
legítimo e permitido pela sociedade em geral. Poxa..., na linguagem jurídica
fica lindo, mas e na vida real como fica? Trazendo para o contexto das Escrituras,
o certo e o errado são definidos pelo conhecimento do bem e do mal, e estes por
sua vez pelo que está escrito na Lei. Na verdade este conhecimento é o grande
causador do dilema entre o certo e o errado. Tudo bem; concordo que o povo
perece por falta de conhecimento. Mais também não devemos ignorar que o pecado
se consumou pelo conhecimento, já que os primeiros humanos desejaram saber o
que não era para saber. Foi Deus mesmo quem determinou que eles não comessem da
árvore do conhecimento do bem e do mal. Ah! Então encontramos a justificativa
para não nos preocuparmos com esta questão. O problema então é de Deus que fez
o conhecimento. Logo, de agora em diante vale tudo e pode tudo; curto e grosso.
E assim, eis o mundo com suas mazelas.
Pare!
Isto é loucura. Jamais devemos colocar a culpa em Deus. Não devemos esquecer de
que tudo que Deus faz é bom. Então, admitamos, o problema está em nós. Parece
que a coisa já está começando a criar rumo certo. Será? A partir de agora surge
outra justificativa: O problema é do outro, ou melhor, é do próximo. Pois é,
sempre alguém tem que pagar o preço pelos nossos erros. Adão é o pai desta
justificativa. Eu fiz o que não era certo e a culpa é da mulher que tu me
deste, disse ele a Deus. Coitado do outro. Mas o outro também encontra outro
motivo de justificativa dos seus erros. Agora é que a coisa complicou de uma
vez. A culpa de praticarmos o que é errado não é nem de Deus e nem do outro;
então de quem é? E imediatamente se pensa e se ouve ao mesmo tempo: Nem vem, minha
é que não é!
Antes
mesmo desta culpa esbarrar em mim, acho melhor a gente parar com esta babaquice
de querer saber se algo que se faz é certo ou não. Porque no final das contas o
que importa mesmo é cada um cuidar de sua própria vida. Até porque, como diz as
escrituras, nossa liberdade não deve ser julgada pela consciência dos outros (l
Co.10:29). O discurso poderia terminar aqui. Só que há uma voz que não quer
calar, a voz da nossa consciência. Aquela voz que a gente pensa que saiu, mas
continua dentro da gente. É a voz da gente falando pra gente mesmo. É aquela
consciência descrita pelo apóstolo Paulo, se referindo aos gentios: “... Disto dão testemunho também a sua
consciência e pensamentos, ora acusando-os, ora defendendo-os” (Ro.2:15).
Penso que acima do mero conhecimento do que é certo ou errado, deve vir
primeiro o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma
fé sincera (I Tm.1:5). Se é certo ou errado, isto nem sempre eu sei. Mas uma
coisa eu sei: “O amor cobre uma multidão
de pecados” (I Pe.4:8).