domingo, 12 de julho de 2009

FORMAS E FÔRMAS

Nasceram parecidas, mas não são gêmeas; são parônimas. Apresentam grafia e pronúncia parecidas, no entanto, tem significados diferentes.

No projeto da criação e da criatura, formas e fôrmas são marcas registradas do Criador. Ele deu forma à terra, que depois ficou deformada e vazia. Fez a criatura nascer disforme, já que o feto na fôrma com o tempo é que vai criando forma. Este, depois de formado, de qualquer forma tem que sair da fôrma. Fora da fôrma passa a viver de diversas formas. No decorrer do tempo, acontece o inverso, ele vai perdendo a forma até ser colocado em outra fôrma. Sem vida somos colocados na fôrma para perder a forma. No final, a forma e a fôrma se deformam.

A fôrma expressa uma forma de ser, por isso é estática. A forma expressa um modo de fazer, por isso é dinâmica. Existem diversos tipos de fôrmas; existem diversas formas, de ser, fazer e viver. A fôrma tem forma, então podemos dizer que, a forma define a fôrma. Tem fôrmas pra tudo; tem formas de tudo. A forma diversifica a fôrma, por isso tem fôrmas de diversas formas, no entanto, a fôrma uma vez estabelecida limita a forma. A fôrma engessa, formata, padroniza, e no decorrer do tempo, cauteriza e institucionaliza a forma. Daí podermos afirmar que tanto a forma como a fôrma podem se dissolverem ou se eternizarem, no curso da história.

As formas expressam diversidades, porque é possível se fazer a mesma coisa de diversas formas. Há quem de diversas formas vive; há quem só vive de uma forma, e acaba preso na fôrma. Há quem se forma, se conforma e se deforma. Há ainda quem gosta da fôrma, vive na fôrma e morre na fôrma. Só entra na fôrma quem se conforma; uma vez conformado, pra sair da fôrma só há uma forma, quando a fôrma se deforma.

Chega! Já estou farto desta salada que é feita de uma só forma; a forma da fôrma. Não dá mais pra engolir esta mistura, enjoei de comer da fôrma que me deixou fora de forma. Quero a forma que me reforma me transforma e me renova. Quero o formato da primeira fôrma, aquela que foi feita pelas mãos do Grande oleiro, que tem as medidas exatas da minha verdadeira forma: A forma de Cristo.

Deus olhou para mim e me viu disforme, então por meio de Cristo me deu uma nova forma. Com o passar do tempo fui perdendo a forma e me enquadrando na fôrma de um cristianismo que não tem a forma de Cristo. Pela graça e misericórdia Daquele que me deu forma, fui liberto da fôrma que estava me deformando. Agora, só sei de uma coisa: “Nele sou cada dia transformado, para chegar à forma e semelhança Dele mesmo”.