Assim pensando e vivendo, insistia em querer enganar minha própria consciência. Meus argumentos até conseguiam, por um tempo, adormecer minha mente, porém eu era confrontado constantemente pela voz da consciência, e esta pela voz do Espírito de Deus no meu homem interior. Inquieto com esta voz é que fui buscar outra justificativa para prosseguir no caminho do engano. Aí passei a acreditar que minha vida era produto das ações dos meus antepassados. Abracei o ensino caduco e destorcido da maldição hereditária e justifiquei impiedosamente toda culpa das consequências dos meus erros sobre as vidas passadas. Mais uma vez usei a bíblia como âncora para fundamentar minhas próprias convicções: Os dez mandamentos não diz que Deus castiga os filhos pelo pecado de seus pais até a terceira e quarta geração? Não diz a bíblia que os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos é que se embotaram? Pois é, novamente fui tragado pela arrogância de interpretar a Palavra apenas com a mente humana. Misericórdia!
Só que a base de minha formação
cristã pesou muito mais, e a voz dos que me ensinaram os princípios
fundamentais da Palavra gritou mais alto dentro de mim. Corri para Deus com o
coração aberto e livre dos meus próprios conceitos. Voltei aos ensinamentos
simples, leves e profundos de Jesus. Ao sentir na pele e na mente os danos que
a teologia dos pregadores da pura letra produz, resolvi voltar ao início de
tudo: Encontrar-me intimamente com Deus e
amá-lo de todo o meu coração.
E à medida que me entregava a
Deus, Ele ia me esvaziando e me limpando de tudo que era ensino puramente humano
e me enchia das verdades ensinadas por Jesus. Entendi que a soberania, o poder
e a vontade de Deus, não são medidos pelo que Ele faz ou não neste mundo. Compreendi
que minha vida e minhas ações não determinam o agir de Deus e muito menos o seu
valor. Deus é maior do que tudo que Ele fez, faz e fará. Admiti ser muita
pretensão e arrogância da parte do homem querer determinar as ações de Deus no
mundo, e assim transferir seus erros, como Adão fez no início. Fiz da oração de
Davi a minha oração: “Quando contemplo os
teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste, pergunto:
Que é o homem para que com ele te preocupes?”.Hoje, pela misericórdia de Deus, deixei de ser menino levado por todo vento de doutrina. Aprendi que quem assume seus próprios erros é porque sabe que tipo de natureza carrega no seu corpo, e que somente pela graça maravilhosa de Deus alcançará o seu favor. Como canta Kleber Lucas: “Foi a graça, foi pela graça; não sou mais o mesmo eu sei”, eu também sei que foi pela graça de Deus que fui transformado.
A Ele toda glória! Eternamente, amém.