
A pior solidão vem de dentro e não de fora. É aquela que vive dentro da pessoa. Há quem vive só e em solidão, e há solidão em meio à multidão. Mas, como disse o Criador, a solidão não é coisa boa.
Por outro lado, há uma coisa que parece solidão, e que na
medida certa é boa. Solitude! Se for demais sufoca a alma, se for de menos impede
a alma repousar no assento do sossego. A medida da solitude sadia não está na
reclusão, mas no prazer de ser único usufruindo a vida com os únicos. Acho que foi isto que Clarice Lispector quis
dizer ao escrever: “Ninguém é eu, e
ninguém é você. Esta é a solidão”.
Penso que quando Deus falou no início “Não é bom que o homem esteja só”, Ele estava se referindo não
apenas à presença física de outro igual, mas do encontro e da vivência de
indivíduos, para se tornarem dois ou mais, sendo primeiro um.
A solitude gostosa é aquela que brota da união da serenidade
com a paz de espírito. Quem experimenta esta solitude nunca se sente só, porque
há dentro de si gozo de estar consigo mesmo e com Deus. A partir daí, a
presença do outro não é apenas uma necessidade de estar junto, mas de
compartilhar a vida.
Sendo assim, na jornada da
vida há espaço para uma suave solitude. Nela, eu entro no silêncio do meu ser,
e ouço a voz do Eu Sou.