quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Seguindo a jornada

Vou seguindo! Caminho no compasso da melodia que a própria vida me ensinou. Sem correria e sem ansiedade simplesmente vou seguindo. Sigo tomado por uma profunda leveza interior. Neste seguir, às vezes olhando para o passado e outras olhando para o futuro, vou usufruindo o presente sem perder o prazer de tão somente viver.
À medida que prossigo, minha vista fixa-se no horizonte que separa o palpável do intocável; meus pensamentos vagueiam entre o real e o imaginário, entre o sonho e a realidade. Não sinto solidão, porque mesmo quando estou só, sinto completude interior. Há a companhia Daquele que estar sempre presente, e que ocupa todos os espaços dentro e fora de mim.
Não caminho sem destino, sem objetivo, sem saber o alvo a alcançar. Já bem cedo entendi a mensagem do gato para Alice: “Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. No entanto, não há pressa em chegar. Há tão somente o desejo de caminhar sem o jugo de ter que chegar de qualquer jeito; sem o peso de concluir a jornada nos moldes que o processo comum impõe. Descobri que chegar ao fim da estrada tem mais sabor quando se usufrui bastante das coisas que estão no meio do caminho.
Na minha caminhada não há espaço para ociosidade ou monotonia, porque a satisfação nunca é um ponto final. Neste caso, comungo com o que Guimarães Rosa dizia: “O animal satisfeito dorme”. Prefiro a satisfação que me deixa acordado; que atiça o desejo de quero mais; que me impulsiona a continuar a peregrinação. Determinado, sigo entoando a música de Geraldo Vandré: “Caminhando e cantando e seguindo a canção; aprendendo e ensinando uma nova lição”.
Sem parar, prossigo com a mesma consciência do profeta Jeremias ao reconhecer que, não é do homem o seu caminho, nem é do homem que caminha o dirigir os seus passos. Concomitantemente, percorro com a mesma determinação do mestre Jesus: “Importa, porém, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte...”. Tudo isto, para não morrer no lugar errado.