terça-feira, 24 de agosto de 2010

Seduzido pela paisagem

É tarde de domingo! Passa o dia, passa o tempo, passa a vida.
O silêncio permeia o bairro e sinto falta do ronco dos motores na avenida.
Alguns dormem, outros descansam e há os que nada fazem. Minha alma remexe por dentro e me faz mergulhar na beleza da paisagem.

Firmo a vista e consigo ver os meninos num campinho correndo atrás da bola. Minha memória é aguçada e me vejo fazendo o mesmo como nos tempos de outrora. Na linha de alta tensão um pássaro quebra o silêncio cantando “bem-te-vi”. Nos ares o falcão rastreia a área à procura de alimento para si.

Na grande área verde um ipê amarelo se destaca com suas folhagens de ouro. No toldo de uma quitanda um ancião descansa sob as abas do seu chapéu de couro. Na beira da estrada um jumento velho caminha a procura de capim. Protegidos pela sombra do prédio, dois jovens conversam olhando para mim.

Contemplo as casas e os prédios com um olhar diferente. Mergulho na imaginação das histórias e da vida dessa gente. As janelas, os terraços e as sacadas me aproximam dos moradores. As cores das fachadas retratam suas preferências e as cercas nos muros seus dissabores.

Vejo a transformação do bairro acontecendo. Uma mistura do antigo com o novo vai se estabelecendo. Novos prédios são levantados, novas casas são construídas. E a geração shopping já se mostra com suas estruturas sendo erguidas.

A paisagem não só me seduziu, mas me incluiu como parte dela. Sou parte da minha visão, porque minhas percepções é que deram vida a ela. Da janela do meu apartamento me vejo dentro do quadro que cerca o mundo ao meu redor. Seduzido pela paisagem, sinto e vivo a presença real do Criador em derredor.