domingo, 14 de fevereiro de 2010

Lembranças da infância - II

Esta é mais uma das muitas histórias que vivi com minha família. Não me lembro quem plantou aquela goiabeira. Ela foi crescendo sem mesmo percebermos. Eu estava passando da fase da adolescência para juventude. Meus três irmãos ainda eram adolescentes, minha irmã mais velha já tinha constituído família e a mais nova morava em São Paulo com uma tia nossa.
No quintal de nossa casa, que era pequeno, só havia este pé de fruta, e isso foi um dos motivos que esta goiabeira permaneceu em nossa memória. Logo que a goiabeira cresceu, despertou nossa atenção, porque possuía qualidades admiráveis. Era viçosa e frondosa; dava fruto constantemente; suas goiabas eram grandes e saborosas; suas folhagens eram bem verdes e vivas. Foi devido a todas estas qualidades que cultivamos carinho e cuidado por ela.
Como sempre fui um admirador da natureza, tentei encontrar a razão da beleza e do vigor daquela árvore. Não foi difícil descobrir. O segredo estava no trato e na forma como meu pai cuidava dela. Havia enfrente da nossa casa uma área verde, que na verdade chamávamos de “matagal”, e era de lá que papai tirava o estrume para colocar no pé da goiabeira. Se não me falha a memória, ele também colocava borra de café e casca de ovo. Via em meu pai muita satisfação em cuidar daquela árvore, que com certeza influenciou muito para que ela se desenvolvesse de forma saudável e frutífera.
O fato de morarmos na periferia urbana era de costume termos contato direto com a natureza. Comíamos frutas tiradas direto do pé (Hoje eu só tiro do “pé” meias e sapatos); banhávamos em rios de águas bem límpidas (Aprendemos a nadar nestes rios, sem ajuda de ninguém); entravamos no mato para caçar calangos e camaleões, com baladeiras; jogávamos bola em campinhos (De segunda a domingo); banhávamos na chuva; mexíamos em casa de abelhas (E como dói uma picada de abelha!); comíamos babaçu, palmito e tucum (E não dava diarréia); no inverno brincávamos no chão molhado de chuxo; no verão, de peteca (bolinha de gude) e de empinar papagaio (pipa). Em suma, vivi uma vida simples, saudável e cheia de aventuras.
Com esta forma de viver, desenvolvemos naturalmente algumas habilidades, e uma delas era a facilidade de subir com muita rapidez e sem cair, na goiabeira lá de casa. Isso mamãe não gostava. Por dois motivos. Um, era com medo de cairmos, o outro era quando ela queria nos corrigir e nós subíamos na goiabeira; ela ficava furiosa. Sem sombra de dúvida, a surra era grande quando papai chegava, e ninguém ficava revoltado (Naquela época jamais imaginávamos que um dia se teria chance de dá parte no juizado de menor; até porque só existia Delegacia).
Como aquela goiabeira nos ajudou! Quando as coisas estavam “apertadas” financeiramente lá em casa, e não tínhamos a tradicional merenda, a saída era subir na goiabeira e encontrar a melhor goiaba. E aí, levava vantagem quem fosse mais esperto. Mas, aquela goiabeira nunca nos deixava de mãos vazias, sempre tinha goiaba para todos. Talvez seja estranho, mas hoje creio que aquela goiabeira foi uma providência de Deus nos momentos de escassez lá em casa. Como a gente dizia na época: “Hoje ela salvou a pátria”. Como isso aconteceu há muito tempo, e tudo na vida é passageiro, a goiabeira lá de casa também passou, e com ela mais um tempo maravilhoso que vivi com minha família.
Ainda tem muitas histórias pra contar, mas vou parar por aqui. Estou satisfeito em relembrar meu passado. Sinto-me revigorado e com mais força para continuar a percorrer minha estrada. Uma coisa eu tenho viva dentro de mim: A minha história de vida foi escrita por Deus, por isso, a Ele toda glória!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Incrível! Fui a Marte.

No mês de fevereiro tirei quinze dias de férias. Foi ótimo ficar estes dias fora da instituição. Aproveitei bastante para ficar mais tempo com minha família. Não tive recursos suficientes para viajar para fora do Estado, mas voltei a passear nos lençóis Maranhenses. Ali me senti mais perto de Deus. Talvez por isso, Ele me presenteou com uma viagem extraterrestre. Uauh!

Nunca pensei que poderia ir tão longe assim. Já sonhei até chegando à lua, mas chegar a Marte foi demais. Ora, isso só foi possível devido à facilidade de mergulhar no silêncio da madrugada. São 1:30h de domingo. O silêncio dentro do meu apartamento é intenso e o lá de fora é tétrico. Todos dormem; inclusive o cachorro do vizinho de frente do meu prédio. É estranho! Porque aquele vira-lata troca o dia pela noite. Quem sabe não está sonhando latindo em Marte! A esta altura da madrugada acho que até os animais sonham.


É incrível, mas sempre que estou sem sono, se não ler alguma coisa, acabo dando as mãos para o silêncio, e juntos, nos embrenhamos por caminhos que me levam a lugares que só o meu espírito pode ir, sem gastar tempo nem dinheiro. Pra ser bem sincero, acho sensacional, porque fico conhecendo lugares espetaculares, incluindo os que estão fora da órbita da terra. Antes de continuar, acho que você está pensando que sou um “débil mental”. Talvez seja! Mas é verdade, é possível ir a Marte. O problema é que só os “loucos” vão a Marte. Mesmo assim, sem querer que você fique louco, o convite está feito: Vamos para Marte!


Antes de dizer como foi minha chegada em Marte, quero revelar algo que me veio à mente de repente. Pensei na NASA. Gastou tanto dinheiro para levar o homem à Lua, e eu só gastei uma parte da noite para ir a Marte. Que coisa, hem? Impressionante!

Quando cheguei ao planeta vermelho, fiquei muito chateado, porque esperava uma recepção calorosa e com muita festa por parte da turma que vivi por lá. Por incrível que pareça, não apareceu ninguém, nem mesmo vi um óvnis sequer. Então falei comigo mesmo: Deixa está; guando eles forem passear na terra, também farei o mesmo. Aos poucos a chateação passou, e então resolvi dá um passeio. Êpa! Tive a impressão de ter ouvido um latido. Mas foi só impressão. Voltei ao passeio extraterrestre. Tentei vê alguma coisa, no entanto, só consegui me vê na imensidão do silêncio daquele planeta. Então abandonei o passeio planetário e passei a passear dentro de mim mesmo. Para minha total surpresa descobri que, dentro de mim, o vermelho era infinitamente mais vivo do que o vermelho de Marte. E foi neste exato momento que tudo que estava acontecendo passou a ter real sentido para mim. Entendi perfeitamente. “A vida pulsa nas veias de um Ser e não no silêncio do vazio”.


Depois de tudo isso, a verdade é que eu acordei ouvindo o latido do cachorro do vizinho. O silêncio foi embora e o sonho acabou. Acordei! Poxa, estava tão bom viver esta loucura! Depois que acordei senti saudades de Marte. É verdade, é possível ir a Marte. Chega! Voltemos pra terra, porque a realidade nos espera.